Percebo alguém que chega e um olhar que diz: Me dá?
Um misto de movimentos chamam a minha atenção,
O farol, as moedas, o chão, o motoqueiro e a mão.
Não sei se sinto medo, incomodo ou compaixão,
Entretanto a realidade diante de mim está - os olhinhos e uma mão.
A vida escoa entre o asfalto, as luzes dos carros e o chão,
Pára o tempo e num instante fixei-me: aquele olho..., aquela mão...
Em um mundo tão difícil, cheio de medo e do julgar,
A gente vai perdendo o jeito e a vontade de amar.
Sentada no meu conforto, pensando e olhando aquela mão,
Pego as moedas e num instante faço à Deus uma oração.
- Uma moeda moça,você pode me ajudar?
Ergo a mão com moedas e vejo um par de olhinhos brilhar!
Abro os vidros receosa, mas as mãozinhas se apressam,
O olho olha as minhas mãos, urgência! As moedas lhe interessam!
Ouço o tilintar das moedas na palma da sua mão,
Talvez um dia a mais de esperança, talvez não!
Um par de olho brilhantes pela som de um tilintar.
Peço à Deus que esses olhinhos tenham um dia, um teto, um lar.
Nesta cidade sem alma, sem governo, sem coração,
Talvez as minhas moedas deem à ele, mais um dia de pão.
Poderia ser tudo tão diferente!
O que falta pra cuidarmos de toda essa nossa gente?
O farol abre e acelero, olho no retrovisor,
Vou deixando para trás gente, precisando de amor.
Por Iracema Claro.
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