sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O menino do farol

O farol fecha e tenho que parar e de longe,
Percebo alguém que chega e um olhar que diz: Me dá?

Um misto de movimentos chamam a minha atenção,
O farol, as moedas, o chão, o motoqueiro e a mão.

Não sei se sinto medo, incomodo ou compaixão,
Entretanto a realidade diante de mim está - os olhinhos e uma mão.

A vida escoa entre o asfalto, as luzes dos carros e o chão,
Pára o tempo e num instante fixei-me: aquele olho..., aquela  mão...

Em um mundo tão difícil, cheio de medo e do julgar,
A gente vai perdendo o jeito e a vontade de amar.

Sentada no meu conforto, pensando e olhando aquela mão,
Pego as moedas e num instante faço à Deus uma oração.

- Uma moeda moça,você pode me ajudar?
Ergo a mão com moedas e vejo um par de olhinhos brilhar!

Abro os vidros receosa, mas as mãozinhas se apressam,
O olho olha as minhas mãos, urgência! As moedas lhe interessam!

Ouço o tilintar das moedas na palma da sua mão,
Talvez um dia a mais de esperança, talvez não!

Um par de olho brilhantes pela som de um tilintar.
Peço à Deus que esses olhinhos tenham um dia, um teto, um lar.

Nesta cidade sem alma, sem  governo, sem coração,
Talvez as minhas moedas deem à ele, mais um dia de pão.

Poderia ser tudo tão diferente! 
O que falta pra cuidarmos de toda essa nossa gente?

O farol abre e acelero, olho no retrovisor, 
Vou deixando para trás gente, precisando de amor.

Por Iracema Claro.







Nenhum comentário:

Postar um comentário